sábado, 13 de julho de 2013

VLT não, ônibus sim: projeto futurista, política antiquada

O projeto do Corredor Norte-Sul, uma espécie de freeway sofisticada para ônibus que vai ligar Jaboatão até Igarassu, está encantando muita gente. É muito bonito de se ver, dado o futurismo planejado para a obra e os ônibus biarticulados, e seria uma proposta admirável se não fosse uma triste verdade.

Em parte de tal via estava-se pretendido construir uma linha de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), e os ônibus terminaram prevalecendo e afundando a proposta ferroviária no canal da avenida Agamenon Magalhães, reiterando a cinquentenária política brasileira de exaltação da locomoção rodoviária em detrimento do trem como meio de transporte coletivo.

Das pessoas que veem hoje com olhos brilhando a moderna via passando cerca de dez metros acima do fedorento canal citado, poucas se lembram das velhas propostas do VLT, que o Diario de Pernambuco divulgou em maio e junho de 2008, quando queriam construir um estádio em Olinda. Pensava-se em ligar a estação de metrô Joana Bezerra ao bairro olindense de Peixinhos, passando pela hoje descartada Arena de Salgadinho, ou à PE-22 em Paulista.

Em ambas as opções então propostas, a linha de trem passaria acima do canal da Agamenon. Já hoje, quando o estádio da Copa de 2014 está confirmado para São Lourenço da Mata, contentaram-se em uma mixaria de VLT e metrô em São Lourenço e coincidentemente sepultaram o trem do canal sem vela, caixão nem velório.

Para nossa infelicidade, não vai mais ter trem ali. Mas sim um trecho do Corredor Norte-Sul, por onde ônibus vão ligar Cajueiro Seco (Jaboatão) até Igarassu.

O projeto, assinado pelo ex-prefeito de Curitiba Jayme Lerner, soa bastante modernoso, um modelo “vindo de países desenvolvidos”. Trata-se, na dolorosa verdade, de uma capa de inovação e futurismo vestindo uma bastante antiga e anacrônica política de transportes: a exaltação das rodovias e o desprezo, praticamente um ódio, ao transporte ferroviário.

Repete-se triunfante a iniciativa política que nas últimas décadas matou quase todos os trens de passageiros de média e longa distância do Brasil e não deixou que a maioria de nossas regiões metropolitanas desenvolvesse metrôs decentes, bem posicionados e suficientemente extensos.

Faz-se essa autêntica sacanagem numa época em que, mais do que nunca, o Grande Recife (a metrópole, não a ex-EMTU) clama por um suporte metro-ferroviário para o saturado sistema viário, demanda uma extensão bem maior de linhas de metrô de superfície mais VLT interligando lugares como as universidades federais, os grandes shoppings, o Ibura, os bairros do Centro Expandido e da Zona Norte do Recife, os municípios fora da extensão ferroviária atual, os terminais SEI distantes dos trens (Caxangá, Macaxeira, PE-15, Pelópidas, Igarassu), as praias...

É notável que nosso metrô é extremamente limitado. Tendo sido construído em cima das falecidas ferrovias de longa distância Linha Centro e Linha Sul (esta que ainda tem um pedacinho em funcionamento), está muito longe de satisfazer uma parcela significativa da população de Recife e região metropolitana.

Está ainda mais distante de caracterizar um sistema metro-ferroviário digno de uma cidade que sediará jogos de uma Copa do Mundo – e ameaça nunca sê-lo, considerando que, quando pensamos em tornar nosso modal metropolitano de trilhos decente o bastante para dar suporte a tal evento, ouvirmos o governo falando de acrescentar 600 metros e uma única nova estação ao metrô e instalar um VLT limitado em um único bairro é extremamente risível.

É praticamente certo que o que veremos depois da conclusão da obra será um transporte bastante caro – considerando que a turma é esperta o bastante para impor uma alta tarifa na integração com o Norte-Sul e aumentar muito as demais passagens com o pretexto da compra de muitos ônibus biarticulados, que são caros, para o corredor e de veículos simples para outras linhas do SEI – e a permanência, ou mesmo piora, da dificuldade de se andar de ônibus a partir de outros bairros, já que esses veículos continuarão poucos fora do SEI e afundarão nos engarrafamentos crônicos que o futuro próximo nos reserva.

Em vez de um transporte barato, ágil e à prova de engarrafamentos que um misto bem distribuído de metrô e VLT poderia proporcionar, teremos que continuar dependendo de ônibus caros, superlotados e lentos, afundados no trânsito que já hoje é caótico e abarrotado de carros. Não haverá praticamente facilidade nova nenhuma para quem não costuma utilizar linhas SEI usualmente. Como uma das sedes da Copa de 2014, nosso transporte público lerdo, bastante limitado e de tarifas salgadas fará vergonha ao mundo e a nós mesmos/as.

Não obstante toda a demanda urbana, turística e ambiental existente por estradas-de-ferro metropolitanas, persiste a atitude de recusar a valorização do metrô e do VLT e descartar uma linha de trilhos para, no final, privilegiar o bastante poluente e cada vez mais caro transporte por ônibus.

No final das contas, os interesses do rico empresariado de ônibus – que é um contrassenso até mesmo que exista, já que transporte coletivo deveria ser um serviço verdadeiramente público, essencial e pago por impostos tal como escolas, hospitais e delegacias – prevaleceram e não teremos mais trens na Zona Norte da RMR. Para olindenses e paulistenses, decepção.

Para piorar, com o aumento do número de ônibus que acontecerá com a não implantação do VLT, muito petróleo vai ser consumido, pneus vão sujar o meio ambiente, bastante fumaça vai ser jogada no ar. O impacto ambiental do Corredor Norte-Sul, em termos de recursos naturais e poluição, será bem maior que o de uma linha de VLT.

Sempre que precisar andar por essa freeway, por esse novo monumento ao urbanismo inconveniente e à prevalência dos interesses econômicos de gente graúda, em vez de comodidade eu sentirei decepção. Não me importa se prometem que vai haver um ônibus por minuto nessa futura via, me toca sim o fato de que permanece forte a velha política de desprezar com aversão o transporte ferroviário e privilegiar o empresariado do “busão”, dos pneus, do petróleo.

extraido de: http://conscienciaefervescente.blogspot.com.br/2009/09/vlt-nao-onibus-sim-projeto-futurista.html

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Após fazer história com BRT, Curitiba busca se reinventar com metrô

           Há mais de 30 anos, Curitiba começou uma revolução em seu sistema de transportes. Com um modelo inédito, a cidade organizou seus ônibus de maneira que até então ninguém tinha imaginado. A ideia, concebida pelo Ippuc (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba), tem como pai o urbanista Jaime Lerner, que ficou mundialmente famoso graças ao trabalho na capital paranaense.
Batizado de BRT (Bus Rapid Transit, em inglês), o novo sistema foi executado de maneira integrada, montando uma rede pela cidade que conduziu o crescimento urbano e suportou bem a demanda pelas décadas seguintes. No entanto, o modelo hoje dá sinais de esgotamento, e a discussão sobre a implantação de um sistema de metrô é inevitável.
Hoje são 3,1 milhões de habitantes da região metropolitana de Curitiba e 1,7 milhão na capital, gerando uma pressão que o sistema de BRT não suporta mais. Eva Vider, engenheira de transportes da Escola Politécnica da UFRJ, lembra que qualquer transporte tem limitações. “Ele é muito bom para certas demandas. Até 20 mil pessoas por hora vai muito bem um BRT. Com muito esforço aguenta 30 mil. Mas quando passa disso, a capacidade não dá. Aí tem que mudar a tecnologia”, afirma.
O primeiro BRT começou a operar em 1974. Lerner projetou um sistema que não apenas transportasse pessoas, mas conduzisse o crescimento urbano. “E funcionou. Quando ele idealizou os dois primeiros corredores, colocou faixas exclusivas em locais onde não tinha praticamente nada, porque queria que o desenvolvimento fosse levado por esse transporte novo”, lembra a professora.
Vider destaca ainda que foi necessário fazer adaptações pontuais no sistema para que ele continuasse atendendo bem a população de acordo com o aumento da demanda. “Com o tempo, foram aumentando o tamanho dos carros, criaram os biarticulados. Tudo planejado”, ressalta.
Mas chega uma hora em que adaptações não são mais suficientes para dar conta da demanda. Clovis Ultramari, professor de Gestão Urbana da PUC-PR, é partidário da construção da linha Azul do metrô, que substitui parte de um dos corredores de ônibus. “Essa discussão já cansou. A única opção é arriscar o metrô”, assegura.
“Muitos dizem que o metrô não deve ser construído nas estruturais, e sim em outros lugares. Mas aí não sei se temos condições”, avalia. Para ele, é temerário levar o metrô a locais com pouca demanda, como feito por Lerner com o BRT nos anos 70, considerando os custos maiores de implantação e operação do sistema metroviário.
“Com metrô deve-se fazer a seguinte pergunta: a gente pode pagar? Acredito que sim. E, do ponto de vista teórico, ele é sempre um ganho. Se tiro o movimento da superfície e ponho no subsolo, tenho um ganho”, comenta o urbanista.
Apesar de defender o metrô para o futuro, Ultramari reconhece a importância do BRT para Curitiba. “Quando foi lançado, ele fez história. Tem algumas deficiências, mas, em termos conceituais, aquilo que foi proposto era inédito. Tanto na proposta quanto na maneira de fazer”, elogia o professor.
Mas se o BRT foi uma solução para a Curitiba do passado, Eva Vider critica a adoção do mesmo modelo em outras cidades maiores, como aconteceu no Rio de Janeiro. “É um sistema de média capacidade. No Rio, ele já nasceu saturado. Foi implantado em lugar onde a demanda já era de outra tecnologia”, critica. Ao menos Curitiba entendeu que o ônibus tem um limite e que está na hora de trocar o asfalto pelo ferro.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Por que criar um blog de mobilidade urbana chamado METROcidade?

Simples. Para difundir o conceito de mobilidade urbana na cidade via metro/VLT.
Há tantos antos o sistema de transporte em Recife era movido a bondes.
O centro da cidade todo cortado por esses veículos, de norte a sul, de leste a oeste.
Muitos grupos do Facebook e no Skyscrapersity (www.skyscrapercity.com) tem estudado a historia  e constatado o obvio: temos voltado no tempo na questão mobilidade. Há tantos anos apregoa-se uma mudança na visão urbana em recife, o conceito de mobilidade tem sido o centro de tantos protestos no final do primeiro semestre de 2013, e a população externa seus anseios por meio de tais protestos. Será que não passamos da hora de lidar com a mobilidade urbana como um conceito coletivo e integrado ao meio urbano? Quanto mais precisamos de rapidez e segurança mais os governos apresentam estradas, para se entupirem de carros, e mais subsídios para os ônibus, para ficarmos presos em engarrafamentos com o  desconforto de um ônibus mal tratado. Assim nasceu esse blog. Da necessidade de divulgar e esclarecer às forças democráticas da população afim de pressionar os governos por mais metro/vlt pelas cidades. Hoje vibro quando uma nova linha de vlt e metro são licitadas nas cidades brasileiras. mas fico imensamente triste quando escuto membros da população apresentar queixas do tipo:

-ah, mas metro é muito lotado;
-Ei, isso vai sair muito caro;
- metro é feio;
-metro é para áreas pobres;
-o sistema de metro no brasil não presta;
-na minha rua não passa metro, não vou andar tantos km ate a estação

Pois bem, todas as perguntas serão dirimidas quando o autor desse blog tiver tempo suficiente, ademais fiquem sabendo que todas possuem respostas claras e objetivas visando o melhor bem-estar coletivo da cidade.
Mobilidade Urbana se compara as artérias de um corpo. Se o sangue ficar preso pode-se enfartar!!! E qual o meio de transporte mais rápido para transportar esse "sangue" mais facilmente? metro e VLT!!!
O grande diferencial desse blog é que é escrito por gente como você. que depende do metro no dia a dia e também escrito por alguém que é da "casa", sendo portador tanto de uma visão externa(do passageiro, usuário) quanto de uma visão interna(funcionário). Sendo assim , este Blog é um lugar para tirar duvidas, mas também um canal de comunicação com você que se sente sufocado com as vias normais de protesto.

Saiba que estamos com você em suas demandas. Pois é a população em seu legitimo direito de cobrar dos governantes mais metrô quem vai fazer a diferença por uma mobilidade urbana mais eficiente. É você, querido leitor, quem pode mudar o panorama de mobilidade urbana na sua cidade. Temos como foco a Cidade do Recife, porém outras demandas nacionais não serão esquecidas. e ate mesmo a questão das integrações estaduais via metro/vlt, um sonho distante, porem não impossível.

Encerro este post inicial e peço desculpas pelo vocabulário informal e meio que "jogado". Vocês sabem, estudante, época de provas, e tal rsrsrs. mas quero deixar aqui um dos parágrafos do discurso dito pela presidente da Republica Dilma Roussef sobre Mobilidade urbana à TV no dia 24/06/2013:

"...decidi destinar mais R$ 50 bilhões para novos investimentos em obras de mobilidade urbana. Essa decisão é reflexo do pleito por melhoria do transporte coletivo no nosso país, onde as grandes cidades crescem e onde, no passado, houve a incorreta opção por não investir em metrôs. Só muito recentemente, nas últimas décadas, é que o metrô passou a ser um dos meios de transporte reconhecidos como sendo objeto da necessidade de investimento. Tenho certeza que nos últimos anos o Brasil tem tido um grande investimento na área de transporte coletivo urbano e temos muito orgulho de, junto com os governadores e os prefeitos, participarmos desse grande esforço."

Não é segredo que essas palavras ditas por Dilma já estavam a muito tempo na garganta dos brasileiros, nas conversas de fila de integração, e nos apertos dentro dos ônibus. Mais metro e Vlt de qualidade!!! Esta é a solução. E este tem sido o desejo de todo o brasileiro que sofre nesse sistema corrompido e tomado pelos interesses dos empresários rodoviários que é o sistema de transporte de ônibus nas cidades. O governo fez a opção incorreta de retirar da sua responsabilidade investir nessas "artérias" urbanas. Claramente preferindo os empresários de ônibus aos poucos empresários de sistemas sobre trilhos, ou ate mesmo das próprias empresas do governo, escanteadas quando "a mesa" senta para discutir mobilidade urbana. Afastando as melhores cabeças pensantes do sistema sobre trilhos no Brasil, que se encontram nas empresas publicas. Este Blog esta aqui para dizer Chega!! Chega de invencionices em mobilidade urbana, chega de soluções que não cativam o usuário do carro, chega de mentiras. Países desenvolvidos investem em metro e VLT. investiram no passado, e investem ate hoje. Precisamos abrir os olhos da população. E esta é a missão do blog. Divulgar que é possível sim, temos mais metro e VLT pela cidade do Recife.
Bem amigos assim damos partida no blog METROcidade.
espero que gostem.
com carinho e amor pela ferrovia Misael barbalho de Andrade Filho. :D